Navegando no desconhecido

A MedRoom é uma healthtech que desde 2015 trabalha no desenvolvimento de treinamento para educação na área da saúde utilizando realidade virtual. Passamos 2 anos polindo e construindo o que viria a ser o nosso primeiro produto: um laboratório de anatomia em realidade virtual com pacientes virtuais 100% modelados em 3D. Vimos boas curvas de crescimento nos anos que seguiram e a tendência era que em 2020 seria o ano onde a empresa de fato decolaria.

Nosso produto, apesar de ser virtual, foi projetado para uma educação presencial que se tornou inviável durante a quarentena. Isso teve um impacto imediato nas nossas contas e nos nossos planos. Foi um obstáculo que num primeiro momento pareceu ser intransponível (pelo menos por um determinado período de tempo). A nossa visão enquanto líderes e gestores foi limitada por um cenário global que ninguém conhecia, um mar que nunca foi navegado antes. Como saber qual o caminho se os mapas que existem já não mais funcionam?  

Depois de alguns dias de pânico e vários cabelos a menos, voltamos nossa atenção ao que sabemos fazer: inovação. A necessidade de direcionamento nunca foi tão grande quanto foi durante os primeiros meses da pandemia. Era necessário que tomássemos as rédeas da situação e descobríssemos para onde ir. Felizmente não é necessário nenhum dom ou ajuda sobrenatural para isso. Existem ferramentas e métodos que podem ser aplicados para ajudar àqueles que desejam navegar em mares desconhecidos. Para nossa sorte já conhecíamos alguns dos passos que poderiam ser tomados, detalho a seguir os três principais.

O primeiro passo que tomamos foi ter calma. Calma ajuda a ter foco. É natural o choque inicial quando nos expomos a situações novas, existe todo um contexto fisiológico inclusive que justifica a nossa ansiedade e desconforto perante situações desconhecidas. O que não se pode fazer é congelar. Após o choque inicial é necessário ter calma e focar no que realmente importa, nos objetivos que precisam ser alcançados.

 O segundo passo é o método. Existe uma citação que gosto muito do Reed Hastings, CEO da Netflix: “líderes como Steve Jobs têm uma percepção de estilo e do que os clientes procuram, mas eu não. Precisamos de consumer science para chegar lá.” Nós sempre apostamos muito em design e ciência. Passamos a entrevistar todos os stakeholders que estavam ao nosso alcance para entender quais passaram a ser as maiores dores deles nesse novo momento.

 O terceiro passo é confiança e execução. Ser capaz de investigar, levantar ideias e planejar é muito importante, mas tão importante quanto é ser capaz de executar. Nossa equipe é muito capaz e sempre tivemos uma cultura voltada à execução. Construir um caminho novo não é tarefa fácil e muito menos uma tarefa individual. Num momento onde as apostas e os riscos são altos, é necessário confiar nas pessoas e apostar na capacidade de cada um.

 Longe de ser uma receita de bolo, esses passos serviram para tirar a MedRoom do congelamento total em 2020 e nos trazer a um novo patamar, onde agora estamos discutindo e construindo ferramentas para sustentar novas formas de educar, principalmente em como viabilizar educação híbrida para a área da saúde. A lição mais importante dessa experiência talvez tenha sido (re)aprendermos a ser o novo e não somente novidade. Uma experiência que pode ajudar outros que buscam chegar em terras novas e que para isso precisam navegar em mares desconhecidos. Uma experiência para diminuir o medo de inovar.

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Parece que o metaverso ainda não chegou lá. Lá onde?